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Cafôfo entrega Medalha de Mérito a Rafael Botelho

Paulo Cafôfo entrega a Medalha de Mérito da Rafael Botelho, acompanhado por Danilo Matos
(foto Manuel Botelho)
O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, entregou ontem em Lisboa a Medalha de Mérito de Grau Ouro a Rafael Botelho, o arquiteto e urbanista que marcou a cidade do Funchal. A edilidade havia decidido atribuí-la, por unanimidade, e deveria ter sido entregue este ano no dia do concelho, a 21 de agosto.

por Paulo Camacho

(foto Manuel Botelho)
O eng. Danilo Matos, que acompanhou Paulo Cafôfo na deslocação à capital, para a cerimónia que diz ter tido a honra de assistir, como amigo e ‘aluno’ do arquiteto Rafael Botelho, recorda que por razões de saúde, o homenageado, “com muita pena sua”, informou que não poderia estar presente na entrega no Funchal. Por isso, refere que o presidente da edilidade decidiu deslocar-se à sua casa, em Lisboa, e fazer-lhe a entrega pessoalmente do Diploma e da respetiva Medalha, o que aconteceu ontem, pelas 17 horas, com a presença de Rafael Botelho e de familiares.
A conversa foi longa e avivou recordações
(foto Manuel Botelho)
Danilo Matos refere que estiveram quase duas horas à conversa, onde Rafael Botelho “era o mais ativo, com uma memória e uma lucidez notáveis, sempre com muita calma e humor, com as palavras e as pausas certas, a fazer-me lembrar os dois anos de 84/85 em que tive a honra de fazer parte do Gabinete de Urbanização por ele criado na Câmara do Funchal.
Mais uma lição de vida, a juntar a tantas outras que devo a este homem sábio que, sem saber, me ensinou a amar mais a minha cidade”.

Homenagem mais que justa

O arquiteto Luis Vilhena considera ser uma homenagem “mais do que justa, que já tardava, a um arquiteto que ficou na história do Funchal pelas melhores razões. Parabéns merecidos ao eng. Danilo Matos que não deixou a memória de Arq. Rafael Botelho perder-se no tempo e já há muito lutava pelo devido reconhecimento da cidade do Funchal ao seu mestre”.
Por seu turno, Manuel Botelho, filho de Rafael Botelho, e também arquiteto, sublinhou que a atribuição da condecoração “é o reconhecimento do valor do extenso trabalho que o meu pai realizou na cidade do Funchal ao longo de várias décadas. Para nós, foi uma cerimónia inesquecível, de uma grande simplicidade, com palavras extremamente generosas e sensíveis pela parte do Sr. Presidente da Câmara. Em meu nome e no da minha família, deixo aqui um enorme obrigado ao Eng. Danilo Matos, pela sua perseverança e amizade, e ao presidente Paulo Cafôfo, o grande protagonista desta cerimónia, que ficámos agora a conhecer e a muito admirar”.
A conversa reuniu várias gerações da família de Rafael Botelho na sua casa em Lisboa
(foto Manuel Botelho)
Primeiro Plano Director Municipal

Rafael Botelho, além de ser responsável pelo primeiro Plano Director Municipal, aprovado em 1972, foi o autor do Plano da Nazaré, onde se situa o maior bairro de habitação social da Madeira, bem como do Plano Parcial do Pico da Cruz, que estabeleceu a zona hoteleira junto à costa na freguesia de São Martinho.
Pertence à terceira geração de arquitetos modernistas portugueses, a par de Manuel Tainha, Fernando Távora ou Nuno Teotónio Pereira.
Arquiteto pela Escola de Belas Artes de Lisboa e com sólida formação internacional em urbanismo, tem realizado uma obra multifacetada que abarca ambas as áreas.
Entre as décadas de 1950 e 1970 teve ação particularmente marcante na área do planeamento, sendo responsável por trabalhos de referência como o Plano de Olivais Sul (1961), o Plano Diretor do Parque Nacional da Península de Setúbal (1963) e o Plano Diretor da cidade do Funchal.

Pensar no turismo

Emanuel Gaspar de Freitas, no site Aprender Madeira, refere que o Plano Diretor da Cidade do Funchal, coordenado por Rafael Botelho, que presidia ao recém-criado Gabinete de Urbanização do Funchal, foi um dos primeiros do país e “propunha a resolução urbanística de todo o território funchalense”.
Refere que a extensão municipal foi mapeada, “distinguindo-se as diversas funções urbanas, vinculadas a usos concretos de acordo com as especificações de cada zona”.
Escreve que “foi atribuída especial preponderância à prática do turismo, enquanto possibilidade de desenvolvimento da cidade, razão pela qual lhe foram destinadas áreas específicas de grande potencialidade para a instalação de equipamentos”.
Mais recorda que o arquiteto “será o responsável pela reformulação da icónica piscina do Lido, conferindo-lhe uma linguagem mais contemporânea com diversas plataformas em terraço, adaptadas ao declive do terreno, onde se instalam bares, restaurantes, solários e áreas recreativas”.

Bairro da Nazaré


Por outro lado, os graves problemas de habitação social da cidade “foram resolvidos parcialmente com a construção de bairros na periferia, sendo de assinalar o desenho do Bairro da Nazaré, ao qual o arquiteto atribui uma linguagem moderna e estandardizada, ostentado por amplos sítios ajardinados e de lazer e generosos espaços de circulação, onde, numa clara obediência aos códigos da «Carta de Atenas», introduz diversos equipamentos comunitários. Neste contexto, é projetada, por Botelho, a moderna igreja salão da Nazaré, de uma só água, com uma fachada de cantaria vermelha regional virada à rua, encimada por fenestração corrida que a separa da cobertura, edifício marcado por uma torre campanário isolada, tão ao gosto dos arquitetos modernos. Este templo será terminado duas décadas depois e enriquecido com painéis azulejares de Ilda David e mobiliário de Manuel Rosa”.

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