Veja abaixo, na coluna da direita, os episódios da série.
“Todos nós temos a grande esperança de, nos próximos três anos de mandato, ter a companhia de uma secretária de Estado que ouve antes de decidir”, afirmou no seu discurso de tomada de posse o novo presidente da Direcção da APAVT, confirmando o que o Congresso de Viseu já tinha mostrado, que há um novo clima de relacionamento entre a associação das agências de viagens e a tutela do Turismo. Mas, como também frisou Pedro Costa Ferreira, da parte da Associação, além de palavras de simpatia, a SET vai ter uma postura principalmente de frontalidade e lealdade na abordagem no que descreveu como “um período de problemas muito difíceis para gerir e poucos graus de liberdade para a sua resolução”.
“Seremos sempre frontais e leais”, garantiu, antes de enunciar um conjunto de dossiers para os quais reclamou decisões.
“Sabendo que temos, depressa e bem, que terminar a urgente tarefa de revisão da Lei [das Agências de Viagens], não é menos verdade que outros dossiers igualmente importantes, e com igual efeito negativo no equilíbrio económico-financeiro das agências, se colocam diante de nós”, acrescentou.
Pedro Costa Ferreira referia-se, designadamente, à “questão da aplicação ilegal pelo Estado Português do regime do IVA nas agências de viagens, que levou à abertura de um processo de infracção pela União Europeia”.
Que este governo faça o que
os outros não fizeram em 15 anos
“Esperamos que este Governo tenha a capacidade de fazer aquilo que os Governos dos últimos 15 anos não souberam ou não quiseram levar a cabo”, avançou o líder associativo, que também se referiu aos impactos das recentes alterações das taxas do IVA [no golfe e na restauração], “que agravaram as disfunções concorrenciais entre o destinos Portugal e destinos alternativos”, e a introdução de portagens nas SCUT, com realce para a Via do Infante, “pela dimensão da operação turística do Algarve”, que colocam dificuldades acrescidas a uma plataforma turística que, não estando doente, não vende propriamente saúde”.
A questão que Pedro Costa Ferreira fez questão de frisar foi que o turismo não se quer eximir às consequências “terríveis” das alterações do IVA e às portagens das SCUT, mas sim ter oportunidade de “ajustar os parâmetros do negócio”.
O novo presidente da APAVT reintroduziu assim o que foi uma das conclusões do Congresso da APAVT reunido no princípio de Dezembro em Viseu, de o sector não ter que arcar com sobrecustos porque os contratos para a época alta de 2012 já estavam fechados antes dessas alterações.
Ter “oportunidade de, na relação com os mercados emissores, gerirmos a mudança”, foi o que reclamou, por que a não ser assim as empresas do Turismo terão “novos e pesados custos”, “uma vez que “todos os contratos com os clientes para a época de 2012 estão já assinados, e por conseguinte, existe incapacidade para fazer repercutir, nos preços ao cliente, as alterações provocadas pelas externalidades do negócio”.
“Trouxeste a APAVT até ao seu sexagésimo primeiro ano, tendo-a entregue em estado de continuar”, assim agradeceu ontem Pedro Costa Ferreira ao seu antecessor, João Passos, o papel que teve na Associação, num agradecimento que também foi um “remoque” aos que se ficam pelas críticas “no remanso dos corredores e das redes sociais”.
O mundo divide-se entre críticos
de bancada e os que se expõem
“O mundo divide-se entre os que se mantêm de forma persistente nas respectivas zonas de conforto, criticando no remanso dos corredores e das redes sociais — onde se pode calmamente opinar sobre tudo sem ter que fazer o que quer que seja — e os que se expõem à crítica e à vulnerabilidade da acção visível e, por isso, permanentemente escrutinável e escrutinada”, assim começou ontem o seu discurso de posse o novo presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira.
E foi com o sublinhado dessas diferentes formas de estar, a primeira “sempre mais confortável” e a segunda “obviamente mais útil”, que Pedro Costa Ferreira, “em nome dos agentes de viagens que representaste ao longo destes últimos anos”, enquadrou o “obrigado [a] João Passos”, de quem destacou ter mantido “sempre a mesma postura ética e uma educação que foram dignos da tradição desta casa”.
“E, se já estavas pronto a suspirar de alívio, suspende o suspiro, porque todos pretendemos continuar a abusar do teu bom senso e da tua permanente busca de consensos”, concluiu.
“Sejam bons naquilo que fazem” e “concentrem-se no seu papel” é a mensagem que Pedro Costa Ferreira, novo presidente da APAVT, deixa aos agentes de viagens para enfrentarem o que antecipa ser um dos anos mais difíceis das últimas décadas.
Não podemos tornar
o difícil no fácil
Questionado pelo PressTUR sobre o que é que, já como presidente da APAVT, recomenda face às dificuldades que o sector está a ver, Pedro Costa Ferreira começou por destacar que, tendo que viver com a conjuntura que se lhes apresenta, “o que têm é que se concentrar naquilo que é o seu papel e fazê-lo bem, cumprindo boas práticas de mercado e ganhando a confiança do consumidor”.
“Nós não podemos transformar um ano difícil num ano fácil”, começou por sublinhar, para realçar que a sua mensagem no discurso de tomada de posse foi essencialmente de “um forte acreditar na tarefa dos agentes de viagens”.
“O que nós viemos dizer aqui hoje à Sra. Secretária de Estado e às restantes associações empresariais e aos nossos associados é que a importância dos agentes de viagens no quadro de viagens actual e no quadro de procura actual é uma importância é grande, relevante e não vai acabar no futuro”.
Na sua intervenção de tomada de posse, Pedro Costa Ferreira, dirigindo-se aos colegas de profissão frisou que a sua candidatura se apresentou a sufrágio com um programa que “pretende reforçar a confiança do consumidor e que ambiciona a participação no esforço de desenvolvimento das exportações”.
“Defenderemos de forma intransigente o desenvolvimento, por parte das agências associadas, das boas práticas do mercado, contribuindo para que o mercado reconheça na bandeira da APAVT os selos de garantia e qualidade, factores que se manterão no futuro, como hoje, os melhores argumentos de venda”, garantiu, após assegurar que a actual Direcção quer uma “APAVT em que o respeito escrupuloso pelos deveres éticos perante o mercado, a montante e a jusante, será uma regra a que não gostaríamos de acrescentar excepções”.
Pedro Costa Ferreira também falou directamente para os dirigentes de outras associações do Turismo presentes na cerimónia, a quem garantiu que da parte da APAVT terão “uma equipa empenhada em construir pontes de diálogo, de preferência em sede de Confederação do Turismo, que, entendemos, deverá ser a casa de todos nós”.
Estamos dispostos
a ocupar o nosso lugar
“Estamos dispostos a ocupar o nosso espaço nessa casa, defendendo interesses legítimos e contribuindo, através do que nos une, para um País mais atractivo e para negócios mais rentáveis”, acrescentou.
No mesmo âmbito, Pedro Costa Ferreira sublinhou o apoio da APAVT à privatização da TAP, que descreveu como “o maior parceiro estratégico da Associação”, mas com “integral defesa do hub de Lisboa”.
“E isso deverá unir-nos, e não separar-nos”, observação que reforçou quando defendeu que “a eventual entrada de uma companhia low cost no aeroporto de Lisboa deverá realizar-se no respeito absoluto pelas regras da transparência e da concorrência leal” e que “não podemos desenvolver uma aposta cega que nos torne reféns de estratégias terceiras, concretamente das low cost”.
A mesma observação deixou ainda Pedro Costa Ferreira quando afirmou que “todos sabemos que temos que deixar de construir mais oferta turística que não terá procura e que devemos, isso sim, requalificar a oferta existente para que tenha mais procura” e apoiou “a reestruturação da organização turística do País, e mais foco no gasto das verbas da promoção”.
Tal como haver muita informação científica não faz dos consumidores cientistas, também haver muita informação de viagens não os capacita para viajarem — argumentou Pedro Costa Ferreira para destacar que são as agências de viagens que hoje e no futuro podem desempenhar o “papel de gestoras de informação” de que os clientes necessitam.
“Fala-se que uma grande informação no poder do consumidor faz com que não utilize as agências de viagens. Nós temos a ideia exactamente contrária”, começou por frisar Pedro Costa Ferreira, ao defender que “as agências de viagens têm que se concentrar em primeiro lugar no seu papel de gestores de informação”.
As outras vertentes que destacou foram flexibilidade e segurança.
“Há inúmeros exemplos de alterações de viagens, de cancelamentos, pessoas que vão e não voltam como tencionavam voltar, têm que alterar a meio do caminho, e isso é algo melhor resolvido nas agências de viagens”, argumentou.
É preciso que cada um
se concentre
O mesmo se passa quando ocorrem contratempos. “É frequente quando se abre um telejornal e há um tufão em qualquer lado e se diz que estão 300 pessoas encafuadas numa ilha qualquer, que a primeira coisa que o jornalista diz é que se as pessoas marcaram com uma agência de viagens, a agência vai colocá-las num hotel e proceder ao regresso quando for possível, etc.”, começou por exemplificar, contrapondo de seguida:
“Eu diria que quem não marcou numa agência de viagens numa situação destas já sabe qual é o recado desse mesmo jornalista — passe por uma farmácia mais próxima para comprar um remédio para a dor de cabeça e depois vá para o aeroporto para tentar comprar um bilhete… para quando existir, com um custo maior, etc.”.
“Portanto há valências das agências de viagens que existem no presente e que nós acreditamos que se vão manter no futuro”, resumiu Pedro Costa Ferreira.
“Mais do que um problema no relacionamento entre agentes e operadores há é uma atmosfera negativa e um negócio deprimido, o que às vezes faz com que as pessoas e as organizações se concentrem nas relações”, disse ao PressTUR o novo presidente da APAVT sobre a existência de tensões no relacionamento entre agências e operadores.
Pedro Costa Ferreira defendeu, aliás, que o que e importante é que ambos se concentrem no “trabalho que têm que fazer e no seu papel perante o mercado” porque “a partir daí as relações vão ter que acontecer, porque no final o que interessa é o consumidor”.
A perspectiva que defendeu é de que “é sempre muito mais o que une agentes e operadores, que é o trabalho face ao consumidor, do que o que os separa”.
Este quadro não evita que surjam interesses “conflituantes”, porque “integram a cadeia de valor do turismo em diferentes momentos”.
Sem o consumidor ninguém
consegue sobreviver
No entanto, sublinhou, “sem o consumidor é que ninguém consegue sobreviver e o que é certo é que desde a organização da viagem até à sua utilização pelo consumidor, se ambos [agentes e operadores] não estiverem presentes, provavelmente nem um nem o outro vão conseguir vender”.
“Isso é muito mais importante do que qualquer dificuldade que exista de relacionamento”, acrescentou.
O tema do relacionamento entre agentes e operadores foi dos que suscitou mais animação nas sessões do Congresso de Viseu e ainda recentemente foi debatido numa reunião promovida por Pedro Costa Ferreira
“É importante como demonstração de que estamos a chegar a algum lado e que as duas partes já começam a ver ao fundo do túnel uma luz bastante nítida e bastante próxima do que provavelmente vai ser o acordo final”, declarou Pedro Costa Ferreira quando questionado pelo PressTUR sobre o anúncio da SET, Cecília Meireles, de que a revisão da Lei das Agência “provavelmente” estará concluída mais cedo que 31 de Janeiro.
Desde o Congresso da APAVT em Viseu, nos primeiros dias de Dezembro, que é público que a Secretaria de Estado do Turismo está a trabalhar em conjunto com a APAVT a revisão da Lei das Agências de Viagens e que é objectivo da titular da pasta governamental chegar a “uma redacção consensual” com a Associação.
Ontem, na tomada de posse dos novos Corpos Sociais da APAVT para o triénio 2012-2014, Cecília Meireles surpreendeu ao anunciar que “provavelmente” esse trabalho estará concluído antes de 31 de Janeiro, que foi a data para a qual apontou no Congresso da APAVT.
Questionado pelo PressTUR no final da cerimónia de posse sobre a sua reacção a esse anúncio, Pedro Costa Ferreira sublinhou que se trata de facto de uma questão urgente de resolver.
“O mercado teria dificuldade em concentrar-se naquilo em que somos bons se não resolvêssemos esta urgência”, afirmou.
O novo presidente da APAVT observou que já considerava a data de 31 de Janeiro “francamente ambiciosa”, acrescentando que se esse prazo for cumprido “resolvemos um enorme problema que era urgente”.
Mas, também disse, “gostei de ouvir” que “provavelmente” será antecipado, principalmente porque significa que os trabalhos em curso estão a avançar.
in Presstur