É fundamental garantir condições para que as empresas possam ter acesso ao crédito necessário para o desenvolvimento da sua actividade. Quem o disse há pouco na sessão de encerramento do 37º. Congresso Nacional da APAVT foi João Passos, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo. Neste domínio, disse que todos tinham satisfeitos com o anúncio que a secretária de Estado do Turismo fez mo Congresso par a criação de um grupo de trabalho para estudar os instrumentos de resposta à actual situação e reais necessidades do sector.
Aproveitando a presença do secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, António Almeida Henriques, que acabou por substituir a presença confirmada do ministro da Economia, João Passos disse que todos sabem que os tempos são difíceis. “Sabemos que os recursos são escassos, mas temos a certeza que, como ouvimos ao longo destes dias, a recuperação está no lado das empresas, assim lhes seja permitido, sem constrangimentos, mas com muito rigor, desenvolver a sua actividade”.
Por isso, sublinhou ser evidente que o financiamento do sector, como de resto de todos os sectores da economia, “é pedra fundamental para as empresas, sendo também certo que as empresas nacionais têm que usar os recursos com parcimónia e exclusivamente na criação da riqueza e não numa alavancagem artificial da economia”.
O discurso de João Passos fica assinalado pelos seus agradecimentos a todos quantos com ele trabalharam ao dos últimos seis anos em que foi presidente da direcção. Cargo que irá deixar para a equipa que se segue, que será presidida por Pedro Costa Ferreira.
De qualquer forma, tal como fizemos na sessão de abertura, aqui deixamos, na íntegra, o discurso do presidente João Passos.
”
Viseu, 1 De Dezembro de 2011
DISCURSO DE ABERTURA DO PRESIDENTE DA APAVT, JOÃO PASSOS
Senhor Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, em representação do Sr. Ministro da Economia,
Permita-me que, na sua pessoa, cumprimente todos os presentes
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Meus Amigos,
Chegámos ao fim do nosso 37º Congresso, mas também chega ao fim, não só o mandato da direcção a que tenho a honra de presidir, como, pessoalmente, um ciclo de seis anos à frente dos destinos da nossa associação.
Foram seis longos anos como presidente, mas mais de duas décadas de permanente e, permito-me dizer, empenhada participação na vida associativa.
Quero aproveitar esta circunstância para agradecer a todos os membros dos Corpos Sociais que me acompanharam e apoiaram nos meus três mandatos, em particular ao Senhor Presidente da Assembleia Geral, Dr. Martins de Jesus e ao Senhor Presidente do Conselho Fiscal, Dr António Alves.
Todos foram, como é evidente, peças importantes no trabalho que foi feito em prol dos associados e em prol do sector ao longo deste período.
Também, por imperativo de justiça, não posso deixar de agradecer a todos os associados que nos conferiram mandato. Creio termos sido merecedores da confiança que em nós depositaram.
Impõe-se ainda um agradecimento a todo o staff e consultores da APAVT, o que faço na pessoa do Secretário-Geral, o meu amigo Filipe Machado Santos. Obrigado Filipe.
Permito-me destacar o incondicional apoio e o relevante trabalho desenvolvido pelos assessores jurídico e de imprensa, respectivamente Dr. Rui Colmonero e Dr. Paulo Brehm. Foram, e estou certo, continuarão a ser fundamentais para a consecução dos projectos da APAVT. Bem Hajam!
Caros Colegas,
Os seis últimos anos foram extraordinariamente marcantes na vida do nosso sector.
Desde logo porque constituíram um período de forte e difícil adaptação das empresas aos novos paradigmas do mercado.
Também porque, a partir do final de 2008, começámos a sentir uma expressiva degradação da conjuntura económica e consequente desaceleração do consumo, o que impôs, e continua a impor, uma enorme pressão sobre empresas.
Pelo meio, factores exógenos como as epidemias aviáticas, as nuvens de cinzas, o aumento do preço dos combustíveis, a concorrência – em muitos casos desleal – de novos players, pouco ou nada regulados, enfim, um conjunto de situações que também influenciaram negativamente o desempenho das empresas.
Como se isto não bastasse, vivemos um período que, por contraposição à liberalização do sector por força da introdução da directiva Bolkestein, foi de marcado intervencionismo do Estado.
Meus amigos,
Falou-se neste congresso em resiliência. Que melhor exemplo de resiliência poderíamos ter que o nosso próprio sector, face a todas estas circunstâncias, face a todos estes desafios?!
É certo que nem todos são bem sucedidos. Ao longo desta caminhada temos registado algumas baixas, iremos certamente assistir a outras ainda, como é próprio nas economias de mercado.
Mas não tenhamos dúvidas que o sector sairá, no seu todo, mais forte e mais preparado.
Como é evidente, Caros colegas, tudo isto também influenciou a vida da APAVT, que nos levou a ter que efectuar uma profunda reestruturação da associação.
Muito me penalizou ter que a fazer, mas tenho a certeza de que deixo uma APAVT forte do ponto de vista associativo, forte do ponto de vista financeiro, e com capacidade para enfrentar o futuro próximo, que se adivinha de grande austeridade.
A APAVT fica, neste momento, apenas dependente dos seus associados para levar a cabo as missões e tarefas que se propõe e que estatutariamente lhe estão acometidas, o que, a todos os títulos, reforça a independência porque sempre pugnou e sempre foi seu apanágio.
Só é independente quem depende de si mesmo, a nossa associação é independente.
Meus Amigos,
A APAVT, pela sua dimensão, congregando no seu seio mais de 90% do negócio do sector, tem que ter uma preocupação constante com o rigor das práticas de mercado.
É um caminho que iniciámos, que temos vindo a percorrer, que implica grande esforço e grande capacidade de adaptação das empresas. Estou convicto, contudo, que todos estaremos profundamente vinculados a um maior rigor na actuação das nossas empresas e dos nossos colaboradores.
Este aspecto, meus caros colegas, é fundamental para a sobrevivência das empresas, é fundamental para o crescimento que todos almejamos do sector das viagens, do sector do turismo em Portugal.
É evidente que tudo isto se fez com grande esforço e, também não podemos esquecer, com alguma contestação, principalmente por parte daqueles que temem a evolução, que continuam agarrados a modelos anquilosados e completamente desfasados da realidade.
Não há obras acabadas, mas também não tenho qualquer pejo em afirmar que a APAVT que eu deixo está com saúde, forte, e devidamente preparada para enfrentar os desafios que se avizinham.
Senhor Secretário de Estado Adjunto da Economia,
É para nós e para a indústria do turismo, gratificante poder contar com a sua presença no nosso congresso. Tivemos oportunidade de referir, na sessão de abertura, que a presença do senhor ministro-adjunto constituía para nós um renovado interesse do Governo pelo Turismo.
A sua presença, Dr. Almeida Henriques, dá-nos ainda mais alento porque temos a certeza de que este sector faz parte das suas preocupações e das suas prioridades enquanto governante.
Tivemos também já a oportunidade de expressar à Senhora Secretária de Estado a nossa disponibilidade para colaborar como Governo de maneira franca e aberta e sabemos que essa disponibilidade é recíproca.
Estão pois criadas as condições para um trabalho que, embora árduo, será seguramente profícuo.
Sabemos que os tempos são difíceis, sabemos que os recursos são escassos, mas temos a certeza que, como ouvimos ao longo destes dias, a recuperação está no lado das empresas, assim lhes seja permitido, sem constrangimentos, mas com muito rigor, desenvolver a sua actividade.
É evidente que o financiamento do sector, como de resto de todos os sectores da economia, é pedra fundamental para as empresas, sendo também certo que as empresas nacionais têm que usar os recursos com parcimónia e exclusivamente na criação da riqueza e não numa alavancagem artificial da economia.
Nesta dicotomia, Senhor Secretário de Estado, é fundamental garantir condições para que as empresas possam ter acesso ao crédito necessário para o desenvolvimento da sua actividade.
Ficámos, pois, satisfeitos com o anúncio que a Senhora Secretária de Estado aqui fez, da criação de um grupo de trabalho para estudar os instrumentos de resposta à actual situação e reais necessidades do sector.
Não podemos também deixar de estar satisfeitos com a sua visão sobre a organização regional do Turismo. Efectivamente é tempo de racionalizar.
Revemo-nos também na ideia sobre a promoção de Portugal, na qual os agentes de viagens sempre estiveram, na linha da frente.
Para uma eficaz promoção também concorre, de sobremaneira, a nossa rede de representação no exterior. Aguardamos, pois, com forte expectativa, o resultado da reorganização que foi já anunciada.
Estas são, há longos anos, e como todos sabem, ideias defendidas pela APAVT e pelos seus associados.
Senhora Secretária de Estado, é de facto tempo de vender mais e, se possível melhor.
Importa não esquecer, porém, o que vendemos.
E neste domínio, impõe-se também um enorme esforço de qualificação do nosso produto e, acima de tudo, da sua adequação à procura, uma ideia que ficou bem patente neste congresso.
Também aqui, Senhor Secretário de Estado, Senhora Secretária de Estado, podem contar com o saber, também de experiencia feita, dos agentes de viagens que vivem o seu dia a dia em contacto directo com os mercados e que, por isso, sentem e conhecem as suas verdadeiras necessidades.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Neste final de mandato e de vida associativa activa, impõe-se uma palavra de agradecimento aos principais parceiros dos nossos associados e da nossa associação.
Quero particularizar a TAP, na pessoa do seu vice-presidente, meu bom amigo Luiz Mór, quero particularizar também a Travelport, na pessoa do seu director-geral em Portugal, o também meu amigo António Loureiro, não esquecendo ainda os membros de todas as associações do sector, a quem cumprimento na pessoa dos seus representantes, cuja presença no nosso congresso muito nos honra.
Caros Colegas, Meus Amigos,
Nesta hora de despedida, quero deixar uma palavra ao meu sucessor, Pedro Costa Ferreira.
Desde logo, louvando-o pela coragem de querer tomar nas suas mãos a liderança da APAVT num período especialmente difícil e conturbado da vida portuguesa e do mundo.
Estou certo que todos os agentes de viagens não podem deixar de lhe estar agradecidos por esse facto.
Quer pela experiência a nível profissional e associativo, quer pelo caminho que percorremos em conjunto, sei que a APAVT fica bem entregue.
Caro Pedro, Desejo-te todas as felicidades e sabes que podes contar comigo.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Uma palavra para o congresso.
Em primeiro lugar, do ponto de vista organizativo, excedeu todas as expectativas, sobretudo considerando tratar-se de uma organização com menos de dois meses de preparação.
Pelo muito trabalho que desenvolveu para o congresso de Fortaleza, pelo muito incómodo que sei lhe causou a mudança para Viseu, e até pelo apoio que sempre tem dado aos agentes de viagens, quero aqui deixar uma palavra especial de apreço ao Mário Carvalho, o “nosso” homem da TAP no Brasil.
Do ponto de vista dos trabalhos, estamos em crer que este congresso contribuiu para a identificação de alguns dos principais desafios que o sector enfrenta e para a identificação de alguns dos caminhos para os ultrapassar.
Neste particular da componente científica do congresso, uma especial nota de gratidão ao Francisco Sá Nogueira, que uma vez mais colocou o seu tempo e competência ao serviço da causa associativa. Obrigado Francisco.
Meus Amigos
Chegou ao fim o nosso Congresso que voltou a ser, como não poderia deixar de ser, O Congresso do Turismo.
Resta-me desejar-vos uma boa viagem e termino com sempre tenho feito:
Um Santo Natal! ”