“As empresas não podem aceitar é ver as mesmas [as condições do mercado] agravadas, como até há bem pouco tempo temos visto, com custos de contexto, nomeadamente com uma interferência continuada e despropositada de estado na vida das empresas”. Quem o disse quinta-feira em Viseu foi o presidente da direcção da APAVT, durante a sessão de abertura do Congresso Anual da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo. João Passou sublinhou que “este em sido o nosso discurso recorrente e reiteramo-lo aqui hoje: o papel do Estado deve ser fundamentalmente o de regular e não o de regulamentar ao arrepio do mercado e ao arrepio do interesse dos consumidores”.
Reconheceu, no entanto, que a situação económica e financeira do País e dos seus principais mercados emissores “é muito grave”. O que, em seu entender, implica “uma completa alteração dos paradigmas de consumo” pelo que “o sector tem, assim, de adaptar a sua oferta a este novo perfil”.
Apontou que no outgoing de lazer disse que “se é verdade que os portugueses não vão deixar de viajar, não é menos verdade que o vão fazer menos e de forma diferente, colocando as empresas deste subsector sob uma enorme pressão”.
Em relação viagens de negócio, “todos sabemos que o País precisa de internacionalizar ainda mais a sua economia, precisa de consolidar mercados e procurar novos. Por isso, pese embora todos os constrangimentos, a resiliência deste subsector é maior e, muito provavelmente, sofrerá menos com a actual crise”.
Acerca desta vertente acentuou que is não quer isto dizer que “não têm que se preocupar, que não têm que encarar o futuro também de modo diferente”.
No que toca ao incoming, que não quis deixa se frisar a sua componente “exportadora por excelência”, referiu que “Portugal beneficia de condições únicas para enfrentar esta crise, mas também não lhe está imune”.
De qualquer foram, atendendo à importância do evento, transcrevemos o discurso na íntegra de João Passos:
“Bem-vindos ao 37º Congresso da APAVT
Como a maioria de vós sabe e se recordará, foi há menos de dois meses que anunciámos a deslocalização deste congresso de Fortaleza para Portugal.
Como tivemos então oportunidade de comunicar, foram várias as circunstâncias que nos levaram a tomar esta difícil decisão.
Não foi, naturalmente, tomada de ânimo leve, mas estamos absolutamente convencidos da sua justeza.
É óbvio, como entenderão, que nos desgosta fortemente o facto de termos frustrado as legítimas expectativas dos nossos amigos brasileiros, em particular das autoridades do turismo cearense, dos hoteleiros de Fortaleza e da própria Embratur.
Não posso, contudo, deixar de referir que, ao longo dos seus mais de sessenta anos de história, a APAVT nunca deixou de colocar acima de tudo, os interesses da Nação. E no momento difícil que Portugal atravessa não poderíamos, em consciência, agir de modo diferente.
Fizemo-lo, assumidamente, porque valores mais altos se levantavam.
Mas lembro também que o histórico da nossa associação demonstra que o Brasil foi, é e será sempre um destino extremamente apelativo para os portugueses, assim como é crescentemente um mercado de primeira importância, pelo que estou certo lá voltaremos.
A realização deste congresso demonstra a enorme capacidade de organização que os agentes de viagens e a nossa associação têm, que aliás são apanágio de Portugal e dos portugueses, que sabem fazer adaptarem-se às circunstâncias e fazerem das dificuldades oportunidades.
Foi precisamente uma oportunidade que o Turismo Centro de Portugal viu nessa deslocalização e que inteligentemente soube agarrar.
Em tempo recorde congregou apoios, mobilizou vontades, enfim, tornou possível estarmos aqui hoje.
Dr. Pedro Machado, muito obrigado.
A APAVT e os seus associados sempre souberam, sabem e saberão reconhecer quem lhes fez bem.
Também não podemos ignorar o forte empenho que o Município de Viseu e As empresas nele sediadas, entre as quais destaco o Grupo Visabeira, colocaram no acolhimento a este congresso.
Permita-me por isso, Dr. Fernando Ruas, que na sua pessoa agradeça a todos os que contribuíram para este evento.
Senhor ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares,
A APAVT sente-se muito honrada com a sua presença, que interpreta como um claro sinal de aposta do Governo no Turismo e, mais do que isso, a vontade expressa de concretizar este desiderato.
Senhora secretária de estado do Turismo, Dra. Cecília Meireles, permita-se que lhe enderece também, nesta ocasião, uma especial palavra de acolhimento ao nosso congresso e ao nosso sector.
No pouco tempo de exercício das suas funções tivemos já oportunidade de trabalhar em conjunto e de assim lançar as bases para uma relação sólida, de grande e, estou certo, mútua confiança.
Quero também aproveitar apara felicitar o Dr. Frederico Costa pela sua recente nomeação. Pelo que o conhecemos, estamos seguros que é uma aposta ganhadora para o sector.
Meu caro Frederico, conte connosco. Nós também contamos consigo.
Caros colegas,
Só uma grande associação consegue ter a capacidade mobilizadora que vemos nesta sala.
Só uma grande associação consegue congregar todos os parceiros da indústria, do Governo, Administração Pública e deputados na discussão do Turismo.
Só uma grande associação pode mobilizar os esforços necessários para defender, intransigentemente, mas com seriedade e serenidade, os interesses dos agentes de viagens.
É esta a nossa associação que, respeitando e dando-se ao respeito, tudo tem feito em prol do Turismo.
É esta APAVT que, acima das pessoas que a têm dirigido, será sempre a associação das Agências de Viagens, a associação charneira do Turismo.
É esta APAVT que, acima de quaisquer interesses pessoais, continua e continuará sempre a representar as empresas que, efectivamente, constroem estrategicamente o Turismo em Portugal.
Os tempos que vivemos são, repito, como todos sabemos, difíceis, mas desafiantes.
A participação activa na vida associativa é, pois, fundamental para que preparemos em conjunto os caminhos do futuro, ultrapassando, com sucesso, as dificuldades do presente.
A APAVT conta convosco, sabem que podem continuar a contar com a vossa associação.
A situação económica e financeira do País e dos nossos principais mercados emissores é muito grave. Implica, por isso, uma completa alteração dos paradigmas de consumo.
O sector tem, assim, de adaptar a sua oferta a este novo perfil.
Na vertente de outgoing de lazer, se é verdade que os portugueses não vão deixar de viajar, não é menos verdade que o vão fazer menos e de forma diferente, colocando as empresas deste subsector sob uma enorme pressão.
Na vertente das viagens de negócio, todos sabemos que o País precisa de internacionalizar ainda mais a sua economia, precisa de consolidar mercados e procurar novos. Por isso, pese embora todos os constrangimentos, a resiliência deste subsector é maior e, muito provavelmente, sofrerá menos com a actual crise.
Não quer isto dizer, porém, que não têm que se preocupar, que não têm que encarar o futuro também de modo diferente.
Finalmente, no que diz respeito ao incoming, que é uma actividade exportadora por excelência, Portugal beneficia de condições únicas para enfrentar esta crise, mas também não lhe está imune.
Estas são as condições do mercado.
O que as empresas não podem aceitar é ver as mesmas agravadas, como até há bem pouco tempo temos visto, com custos de contexto, nomeadamente com uma interferência continuada e despropositada de estado na vida das empresas.
Este em sido o nosso discurso recorrente e reiteramo-lo aqui hoje: o papel do Estado deve ser fundamentalmente o de regular e não o de regulamentar ao arrepio do mercado e ao arrepio do interesse dos consumidores.
Senhor ministro e senhora secretária de Estado, estamos seguros que este apelo de mais de uma década irá encontrar neste novo executivo o terreno fértil para se materializar.
Antes de finalizar, não posso deixar de referir neste congresso a recente e justa elevação do Fado a Património Imaterial da Humanidade, com que obviamente nos congratulamos. É, sem dúvida, mais um argumento na promoção da nossa riquíssima oferta cultural.
Vamos dar início a este congresso que, uma vez mais, reúne um extraordinário leque de oradores para debater temas tão pertinentes quanto relevantes para a nossa indústria. Como sempre, tudo fizemos para que este seja mais um congresso que será recordado pelo êxito alcançado, alicerçando na excelência dos oradores, nos temas propostos, e sobretudo na participação activa de todos os que realmente se movimentam na indústria do Turismo.
Vamos ao trabalho
João Passos
Presidente da APAVT