Confeitaria Felisberta vai ganhar nova vida
Um bonito exemplo do que era, está agora, e o que será na nova Confeitaria Felisberta (composição CMF) |
A Câmara Municipal do Funchal tem bem encaminhado o projeto de recuperação da Confeitaria Felisberta e de todo o edifício onde está inserida na Rua das Pretas. Um imóvel que o tempo degradava faz tempo e que os incêndios do verão de 2016 acabou por destruir completamente. Apenas restaram as paredes.
por Paulo Camacho
A Confeitaria Felisberta estava assim neste estado em 2009 (foto Paulo Camacho) |
Neste momento, o imóvel ainda está nas mãos de privados, mas a edilidade tudo está a fazer para cumprir o que prometeu naquele verão escaldante. Ao Diário de Notícias, o Gabinete de apoio à presidência revela que, neste momento, existe acordo de 6 dos 13 co-proprietários do imóvel para a compra por parte da autarquia, por via do direito privado, pelo valor de 231.040€.
Caso exemplar e estruturante
O município liderado por Paulo Cafôfo quer fazer da Confeitaria Felisberta um caso exemplar. Pelo que a recuperação/remodelação do imóvel vai obedecer a um projeto do Gabinete da Cidade.
A reabilitação do Núcleo Histórico de São Pedro será o ponto de partida das intervenções promovidas pelo Gabinete da Cidade onde se evidencia precisamente a reabilitação da antiga Confeitaria Felisberta, com uma área bruta de aproximadamente 300 m2, divididos por dois andares. Neste momento, o projeto da autarquia para o imóvel já está concluído.
No global, o trabalho desenvolvido pelo Gabinete da Cidade “será estruturante para a regeneração, o reordenamento e o desenvolvimento urbano do Funchal, ao longo dos próximos anos”, refere a edilidade acrescentando que o Gabinete da Cidade “desenvolveu, desde agosto de 2016, um diagnóstico único ao território vivo do Funchal, a que se seguiu a interpretação cuidada desse levantamento e a definição do que devem ser as futuras intervenções na cidade, pelo que estas serão, necessariamente, uma consequência do trabalho desenvolvido”.
Nova Felisberta vai recuperar memórias
Apesar dos vidros da porta estarem tapados com papel, em 2013 consegui esta fotografia para o interior da Felisberta (foto Paulo Camacho) |
Paulo Cafôfo já teve oportunidade de se pronunciar acerca do que pretendem para ali. Referiu que vão requalificar com a traça original, “indo buscar à história aquelas que eram as suas caraterísticas, inclusive no interior, de acordo com uma confeitaria do século passado. Os edifícios também têm memória e aquele é indissociável da existência da Felisberta. Esta será a primeira intervenção, e de alguma forma o mote, para toda a recuperação que irá ser feita naquele quarteirão”.
Em relação ao projeto podemos referir que a principal alteração será a introdução de um novo espaço de vendas no pátio interior que visa organizar toda a circulação e zonas técnicas, respeitando sempre a estrutura do edifício original.
Sala de chá no 1.º andar
O espaço de confeitaria, a galeria de acesso e o laboratório de fabrico próprio ficarão ao nível da Rua das Pretas e a sala de chá no 1.º andar.
O espaço de confeitaria vai ocupar a antiga Confeitaria Felisberta. Terá a vitrina icónica ao centro, recriando, assim, a memória do espaço original. Haverá igualmente um balcão de atendimento ao público, três mesas de apoio, que ocupam o espaço voltado à rua, através de uma montra, e uma porta de entrada garantem a ventilação.
A galeria de acesso será a zona de entrada no piso superior, servindo como expositor de alguns documentos da memória da antiga Felisberta.
O laboratório de fabrico próprio/zona de confeção será constituído por uma zona de copa limpa e outra de copa suja, separando os trabalhos a executar no espaço, devidamente iluminado e ventilado.
No 1.º andar será criada uma sala de chá naquela que anteriormente era uma zona de habitação e que foi destruída pelo fogo. A copa de apoio será constituída por uma bancada de madeira lacada a preto, contendo a zona das infraestruturas de água, com bom acesso e fácil manutenção. Será equipada com uma pequena zona de frescos e dividida entre zona de copa suja e limpa, com possível ligação mecânica à confeitaria, no piso inferior.
Fundada em 1837 por Felisberta Rosa
A Confeitaria Felisberta vista de cima, já muito degradada, muito antes do incêndio que a devastou (foto Paulo Camacho) |
A Confeitaria Felisberta foi fundada em 1837, por Felisberta Rosa.
Em 1926, a confeitaria enfrentava dificuldades devido à crise que grassava na Madeira e no país, com o comércio a se ressentir. Contudo, a sobrinha da fundadora, Felisberta Rodrigues decidiu ser arrojada e expandiu a confeitaria, com uma grande transformação que até incluiu uma nova sala de chá e refrescos.
Mais tarde, fecharia, para nunca mais abrir nos anos 80 do século anterior.
Além de ser muito conhecida dos madeirenses, também o era de quem vinha de fora. Uma das visitantes ilustres mais antigas terá sido a Imperatriz Isabel, da Áustria, conhecida por Sissi, em dezembro de 1893. Nessa altura, já estava à frente do negócio Felisberta Rodrigues.
Sem comentários