André Barreto diz que há excesso de intervenções humanas na natureza
O Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), o Turismo, o papel da Universidade da Madeira (UMa), o ‘cluster’ do mar, o papel (excessivo) do sector público e o papel (diminuito) do sector privado estiveram segunda-feira em debate no ciclo de conferências intitulado ‘Portugal -A soma das partes’.
A iniciativa foi promovida pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) em parceria com a TSF e o DIÁRIO.
Uma das intervenções mais surpreendentes veio do hoteleiro André Barreto. Ele que se debruçou sobre as vantagens competitivas da Região enquanto factor diferenciador. E escolheu um exemplo prático para colocar o enfoque na principal vantagem competitiva do turismo regional: a gelatina.
A gelatina resulta do aproveitamento de restos de carne e ossos. O produto teve enormes dificuldades em se implantar nos EUA e no mundo quando surgiu, no séc. XIX. “A transformação do produto em pó, a criação de um livro de receitas que o acompanhava e que era distribuído gratuitamente, que explicava para que servia e as múltiplas utilizações que podia ter, conjuntamente com uma campanha fortíssima que defendia a gelatina como a mais famosa sobremessa da América, transformaram um produto com início problemático num dos maiores sucessos de venda do Mundo’!”, contextualizou André Barreto.
“E qual é a gelatina da Madeira?… A grande vantagem competitiva da Madeira é a Natureza!”, disse. “A Natureza é, no fundo, o resto da carne e dos ossos que podemos transformar para criar produtos que tragam à Região vantagens competitivas que gerem retorno e valor”, explicou.
André Barreto criticou o excesso de intervenções humanas na Natureza, sobtretudo de intervenções “contra-natura” como as praias de areia amarela. Criticou ainda a importação de modelos de negócio como o ‘time-sharing’ e o ‘all inclusive’ (tudo incluído).
O que nos diferencia -e é aí que devemos apostar- é no potencial do mar e da Zona Económica Exclusiva (pescas, produção de energia das ondas, construção e reparação naval, indústria conserveira, etc.); na Zona Franca da Madeira; no vinho Madeira; na Universidade; num pólo tecnológico ligado ao mundo empresarial.
Para isso, André Barreto aludiu à necessidade de rever prioridades de investimento, apostar fortemente na promoção turística e na investigação e desenvolvimento.
in Diário de Notícias – Madeira
by Emanuel Silva
SocialVibe