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O Funchal de Max Römer

O traço do pintor é inconfundível
Max Römer pintou a Madeira, a sua paisagem e o seu quotidiano, como ninguém. As suas obras são conhecidas em maior ou menor quantidade, mas poucos sabem quem foi. É isso que propomos com este trabalho além de mostrarmos a Madeira de Max Römer concretizada nas mais diversas plataformas.

Uma das raras fotografias do pintor
Max Römer viveu no Funchal ao longo de 38 anos, entre 1922 e 1960. Deixou uma vasta obra dispersa em colecções particulares e nos museus e edifícios da Região Autónoma da Madeira.
Para falar deste cidadão alemão nascido em Hamburgo temos de ir beber informação no trabalho feito acerca da Madeira por Eberhard Axel Wilhelm, um investigador de obras germânicas. Foi ele quem reuniu a informação dispersa e mostrou quem é, na realidade, Max Römer. E foi com base nessa recolha que António Loja escreveria um artigo acerca da sua vida na revista Atlântico, em 1988.
Do que lemos ficamos a saber que a vida de Max Wilhelm Römer começa na cidade de Hamburgo, em 22 de Novembro de 1878.
Era filho de Carl Heinrich Wilhelm Römer e de Maria ou Marie Sophia Catharina Römer e foi baptizado na Igreja Luterana de São Pedro, Hamburgo, a 25 de Dezembro de 1879.
Mais tarde iria conhecer Louise Kätchen Parizotor na empresa “Ledertechnik Holbe”, para a qual desenhava, e com quem iria casar a 24 de Maio de 1902.
Deste casamento nascem Max Römer (Hamburgo, 20 de Abril de 1902/1960); um irmão gémeo (falecido com 8 dias de idade); Anita Kätchen ou Anita Louise Römer (Hamburgo, 6 de Dezembro de 1904/Funchal-S. Martinho, 30 de Outubro de 1934), solteira, pintora e doméstica; Rolf Reinhold Römer (nascido em Hamburgo a 30 de Outubro de 1909) e Valeska (Valli) Melati Römer (Hamburgo, 8 de Janeiro de 1911/Funchal, 25 de
Agosto de 1988).

As maravilhas que encantaram Max Römer

Max Römer cumpriu o serviço militar entre 1915 e 1918, na primeira Guerra Mundial. Esteve na frente de batalha da Champagne e do Somme (França), na Roménia e na Grécia.
Acabada a guerra, um amigo dinamarquês conta-lhe maravilhas da beleza da ilha da Madeira. Por isso, entusiasmado, decide embarcar no vapor “Curvello”, da Lloydʼs Brasileira, e viaja para a Madeira com a mulher e com os filhos Rolf, Anita e Valeska.
Na Madeira inicia a sua estonteante obra.
António Loja refere que alguns trabalhos de Max Römer foram publicados na revista Illustrirte Zeitung, a 25 de Março de 1925, com um número especial dedicado à Madeira e à obra deste hamburguês, com texto de Emil Franz Gesche, na altura cônsul alemão no
Funchal.
Na Madeira, Max Römer viveu em vários lugares, em São Roque, na Estrada Monumental e, por fim, até à sua morte, na Rua Major Reis Gomes.

Trabalho diversificado

A nível de trabalhos, além do que fez em papel produzia em diversos materiais como aguarela, guache, óleo, desenho a lápis e a tinta-da-china, gravura a ponta seca e água-forte, desenho impresso por zincogravura e posteriormente aguarelado, postais
ilustrados impressos e originais pintados a guache.
No entanto, entre todas, evidenciam-se as suas aguarelas que lhe deram o prestígio.
Além disso, também fazia trabalhos publicitários para empresas e cinemas do Funchal, cartazes turísticos, postais, cartões de Boas-Festas, e por aí adiante.
Morre a 18 de Agosto de 1960, aos 81 anos. A mulher continuou a viver no Funchal, onde viria a falecer com quase 100 anos. A filha, Valeska, também continuou por cá. O filho Rolf residia na Alemanha.
A 26 de Abril de 1984, a Região Autónoma da Madeira homenageou Rolf e Valeska Römer. Rolf doou à Madeira o património artístico do pai.
Hoje a obra de Max Römer é desconhecida na sua totalidade. Há uma grande parte que é conhecida, como aquela que Rui Camacho reuniu e publicou no livro “O Funchal na obra de Max Römer”, feito em co-autoria com Eberhard Axel Wilhelm, Maria Tereza Freitas Brazão e Rui Carita.
Sabe-se que além das colecções em museus ou nas mãos de particulares, existentes na ilha da Madeira, a sua presença é muito vasta e está espalhada pelo mundo.

Tudo é bonito na Madeira
Max tinha um traço que o identifica

Numa das poucas entrevistas que se conhecem, Max Römer confidenciou ao Diário de Notícias da Madeira em 1932 que “na Madeira, em paisagem, não há o feio. Há o bonito, há o belo e diferente em cada trecho. Não há a monotonia. Pela costa recortada e acidentada, toda ela altos promontórios e pequenas praias, pelas vertentes, cheias de cultura, em que o verde varia até o verosímil, pelas montanhas, pelas povoações tão fortemente cheias de pitoresco, nós os artistas, encontramos em excesso os quadros que desejamos fixar. Em um pequeno passeio, surgem ante os nossos olhos, motivos para numerosas telas”.
Rui Camacho sublinha que a obra de Max Römer “constitui, nas suas várias vertentes, quer de pintor naturalista, quer de designer gráfico, uma das mais interessantes marcas da vivência do Funchal e da Madeira nos meados do século XX, tendo sabido juntar à criação artística espontânea um aspecto estético e funcional, numa atitude muito própria, que ainda perdura como uma das mais conseguidas e interessantes imagens da Madeira da sua época.”

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Rui Camacho gostaria de mais livros de Römer
Rui Camacho o impulsionador do livro

Rui Camacho tem o curso de artes visuais e confidencia que sempre conheceu as aguarelas de Max Römer. Um conhecimento que aumenta na Direcção Regional dos Assuntos Culturais com um maior contacto com a Casa Museu Frederico de Frederico de Freitas e o Museu da Quinta das Cruzes.
Apercebe-se que havia ali uma quantidade significativa de trabalhos de Max Römer “muito interessantes. Trabalhos de óleos, aguarelas e gravuras".
Sublinha que quem trabalha, pesquisa acerca da história ou da cultura regional, nomeadamente na área da tradição, “gosta sempre de ilustrar os textos com uma fotografia ou com uma imagem pictórica de uma aguarela, de um óleo ou de uma gravura”.
Assim, ao longo do tempo, diz que se foi apercebendo que existia uma quantidade significativa e “muito representativa de uma cultura regional do quotidiano madeirense.”
Por outro lado, acentua que ele foi o precursor do designer na Madeira.

Pintou pelo arquipélago

Rui Camacho refere que o artista alemão pintou muito o Funchal e que, depois, foi alargando a toda a ilha. Inclusivamente refere que pintou o Porto Santo e as ilhas Desertas.
Diz que foi guardando toda a informação ao longo do tempo. Até que um dia apercebe-se que havia uma quantidade suficiente para um projecto.
Além disso, recorda que as pessoas questionavam acerca da oportunidade de ser feito um livro acerca de Max Römer. “Fui ouvindo, e admitindo que, de facto, fazia sentido”, confidencia. E vai questionando os seus superiores acerca da oportunidade.
Por essas alturas, Max Welhelm, professor germânico de alemão na extensão universitária, passa a ser também um investigador das relações culturais entre a Alemanha e a Madeira.
Colabora com revistas e publica livros, sempre versando a Madeira. É ele que publica a primeira biografia de Max Römer na revista Atlântico, dirigida por António Loja. Considera que Max Römer está muito bem representado na Madeira em múltiplas colecções.
A dado momento, desafia Max Welhelm acerca da possibilidade de ambos fazerem um livro de Max Römer. E este concorda. Pede a Rui Camacho que faça o inventário das peças e ele escreve a biografia.

A proposta para o livro
A capa do livro

Além disso, por essa altura, ainda viviam pessoas que tinham privado com Max Römer. Nomeadamente o escultor Tomás, "que falava muito dele. E que, curiosamente, os desenhos que fazia, eram muito à semelhança de Max Römer".
Reconhece que o empresário Pedro Ferraz, que também estudou artes plásticas, foi quem melhor descreveu a personalidade de Max Römer, de quem foi aluno durante oito anos, e
que "tem os melhores esboços, as melhores gravuras e os postais mais originais de Max Römer. Guardava o que Max Römer deitava fora".
Rui Camacho aproveita a oportunidade das comemorações dos 500 anos da cidade do Funchal e propôs à comissão, então liderada pelo prof. Virgílio Pereira. Concordam com o
projecto.
Diz que foi um projecto que lhe deu prazer desenvolver ao longo de quatro anos. Admite que encontrou facilidades, a começar pela comissão que passou para o dr. Francisco Faria
Paulino, que reconhece o ter ajudado muito, "até na definição dos critérios".
Confessa que "não sabia a dimensão da obra de Max Römer. Conhecia algumas coisas, mas nunca pensei que a obra fosse tão vasta e com tanta qualidade". Complementa e refere que quanto mais encontrava pessoas que tinham obras, mais estas lhe diziam que conheciam alguém que também tinham. "E as pessoas iam-me trazendo".
E a obra nasceu. Centrada os trabalhos de Max Römer, versando exclusivamente o Funchal, para alinhar com as comemorações.

Continuidade ao primeiro livro

No entanto, Rui Camacho adianta que gostaria de dar continuidade a uma outra edição com
o resto da obra do artista alemão.
Não obstante, mesmo na obra direccionada para a capital da ilha, admite que ficaram de fora muitos trabalhos que ainda estão para aprofundar. Até porque evidencia que, depois da edição do livro, muitas pessoas vieram ter consigo para dizerem que tinham obras por esse mundo fora.
Em relação à edição publicada: "O Funchal na obra de Max Römer - 1921 - 1960", praticamente esgotada, gostava que surgisse uma segunda "porque continua a haver uma grande procura, não só de madeirenses mas também de alemães. Seria importante
que os quatro autores chegassem a acordo com a Câmara para uma nova edição".
Rui Camacho diz que hoje há uma grande procura acerca da obra de Max Römer. “E, cada vez mais, está a subir o valor”, sublinha.
O último filho de Max Römer doou 50% do espólio à Região que está depositado no Museu da Quinta das Cruzes. Da família de Max Römer, a última familiar, era uma filha que residia na Madeira com cerca de 90 anos e deixou o que tinha do pai à Madeira.

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