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Opinião: Realidade turística do fim-do-ano muito se deve àTAP

Tap descolaLuís Filipe Malheiro assina mais um artigo de opinião no Jornal da Madeira. Com uma primeira parte dedicada à política optamos apenas por transcrever a segunda, dedicada ao transporte aéreo.

por: Luís Filipe Malheiro


"(...) Porque considero justo, gostaria de sublinhar que, mais uma vez, a realidade turística da Madeira neste fim-de-ano atípico – pois não me lembro de termos estado tantos dias sob chuva persistente e particularmente sob vento de elevada intensidade como aconteceu este ano, afectado ligações aéreas e marítimas e causando prejuízos que todos tomaram conhecimento pela comunicação social – ficou a dever muito à TAP, às ligações extraordinárias que mais uma vez a companhia aérea de bandeira programou.

Não me recordo de ter visto semelhante atitude por parte da “low-cost” que opera entre o Funchal e Lisboa. Pelo contrário, fomos até confrontados com uma situação que felizmente – claro que lamentavelmente para os passageiros afectados – que demonstra a vulnerabilidade dessas companhias (que continuam a falir pela Europa fora…) mas demonstrou sobretudo o perigo de andarmos a lamber demasiado tais entidades, até porque a realidade da aviação nem sempre é o “paraíso” que por vezes alguns julgam.

Nem sequer falo nos preços das viagens praticados nesta altura do ano que, ressalvando ainda algumas insignificantes nuances, cometeram a proeza, caso não tivessem sido adquiridos com antecedência, de terem esbatido quase totalmente a diferença entre as low-cost e a TAP, o que mostra que os inofensivos ratinhos também se transformam, quando decidem, em corpulentos gatos.

Não quero com isto, como é evidente – ate porque um ano não se resume a estes dez dias finais do ano – a deixar de realçar a importância decisiva da “Easyjet” para a Madeira, porque estaria a ser hipócrita e injusto, mesmo que isso tenha um custo que desconheço. As “low-cost”, ao contrário do que alguns porventura ainda julgam, não são nem casas de caridade, nem uma espécie de “pai natal” que se mantém por aí, o ano todo, a praticar preços que por vezes ninguém surpreendem, mesmo considerando as características operacionais das empresas, o serviço prestado, os condicionalismos colocados por exemplo ao uso de bagagens, etc.

Quando a companhia de baixo custo deixou no aeroporto de Lisboa, dois dias antes do fim-de-ano, 150 passageiros destinados à Madeira, alegando que as tripulações que tina disponíveis não estavam certificadas para operar no aeroporto do Funchal, muito menos quando as condições atmosféricas eram mais exigentes – como realmente aconteceu nas últimas semanas do ano – não ouvi protestos de ninguém (evidentemente que os motivos apresentados pela companhia, se verdadeiros, eram inatacáveis).

Por isso, quero realçar esta decisão, tomada arbitrariamente, e que por certo, oxalá que não, poderá repetir-se, sem que ninguém tenha capacidade de impedi-lo. Caso tivesse sido a TAP, ou mesmo a companhia aérea do Governo Regional dos Açores, a SATA (apercebi-me estes dias que há muita ente que desconhece que esta companhia é pertença do executivo açoriano, o que explica uma evidente articulação de decisões, tarifas, etc, com a TAP), a tomarem tal decisão, certamente estaríamos confrontados com uma procissão de protestos e de notícias e conferências der imprensa, piores que uma qualquer dessas enxurradas que vieram serra abaixo, sem que, nalguns casos (poucos, diga-se em abono a verdade) ninguém tivesse culpa de nada…

O que quero sublinhar, de novo, é a importância da TAP, e particularmente dos voos extraordinários realizadas pela companhia, sem os quais a hotelaria regional andaria aos caídos, a mesma hotelaria que reclama o ano todo as low-cost, mas que depois, quando se trata de garantir índices de ocupação, é a primeira a colocar-se na linha da frente do apaparicar da companhia de bandeia. O costume. E este fim-de-ano, onde o turismo nacional foi o responsável por mais de 60% da ocupação hoteleira, isso foi mais do que evidente.

Claro que não tardarão nada, especialmente nas épocas baixas, as exigências e as criticas à TAP – aliás, elas resolvem-se facilmente: se as low-cost é que servem a Madeira, desafio todos, sem excepção, incluindo os empresários hoteleiros e agente de viagens locais, a que deixem de utilizar a TAP e passem a fazê-lo nas companhias de baixo custo que operam para a região!

O dia 2 de Janeiro foi exemplar, como constatei. Mais de 15 ligações entre o Funchal e as cidades do Porto e Lisboa, só entre as 19 e as 24 horas desse dia, numa autêntica “ponte aérea” afectada pelas condições operacionais no aeroporto do Funchal – e sobre isto escreverei um dia destes, porque é tempo da comunicação social, em vez de andar a registar queixas e lamúrias de passageiros lesados pelos atrasos mas que não sabem do que falam, explique às pessoas que condicionalismos existem neste ou noutro aeroporto qualquer, resultantes de imposição das entidades reguladoras nacionais ou internacionais, e porque existem, registando depoimentos de pilotos, de controladores de tráfego aéreo, de especialistas das próprias companhias, etc (claro que existem situações no aeroporto do Funchal, em momentos de pressão e de persistentes atrasos, que deveriam ser objecto de outro acompanhamento e de outra resposta por parte dos responsáveis, mormente no apoio aos passageiros).

Repito, nesse dia 2 de Janeiro, os aviões vinham de Lisboa para o Funchal vazios, para garantirem o escoamento dos turistas que visitaram a Madeira, não lhes sendo imputadas responsabilidades pelas restrições operacionais e pela instabilidade persistente que se verificou em Santa Catarina, condicionalismos que obrigaram aviões a desvios e a regressar muitas vezes a Lisboa, para depois retomarem de novo a ligação para o Funchal num esforço que temos que destacar, já que regra geral isso ao acontece.

Eu nunca vi, como na noite desse 2 de Janeiro, tanta gente espalhada por aquele aeroporto, completamente a rebentar pelas costuras, tudo porque, ora o vento, ora a falta de visibilidade da pista, impediram muitas das aterragens no horário previsto. Claro que os que ainda curavam ressacas da véspera ou que ainda se empanturravam em jantaradas, não sabem que isto aconteceu, nem têm que saber.

Mas também não devem falar sobre o que não viram nem sabem. Quero realçar igualmente o padecimento – porque é disso que se trata, só vendo no local! – do pessoal da “Groundforce” que em terra se vê obrigado, principalmente nestes momentos de particular intensidade – onde aturam tudo até histéricos que, como me dizia um deles, exigem que o avião levante até com um reactor avariado… – a uma pressão de tal maneira que só uma preparação profissional cuidada, a par da experiência, os habilita a manter a cama que eu não tinha, posso garantir, e a solucionar situações díspares, em função das possibilidades existentes, incluindo algumas caricatas que revelam, quer a mesquinhez mas sobretudo a ignorância e a idiotice de alguns passageiros que ainda julgam que um avião pode andar de empurrão como um Trabant da ex-RDA que “tossia” mal motor aquecia demasiado…

in ultraperiferias.blogspot.com

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